WebM, a minha opinião sobre o formato…

By | 29 de Maio de 2010


Já passou uma semana desde que o Google anunciou o WebM, um formato multimédia gratuito, vídeo (VP8) e áudio (Vorbis). Não me vou pronunciar muito sobre o áudio, o Vorbis já existe há algum tempo e a qualidade está a par do AAC só perdendo qualidade para o AAC em bitrates muito baixos (menos de 48k).

O Google espera que com este anúncio a W3C anuncie o WebM como o formato de vídeo padrão para o HTML5, logo a seguir ao anúncio da Google a Mozilla (Firefox), Opera (Opera) e Microsoft (Internet explorer) anunciaram suporte para este formato, a Apple (Safari) não se pronunciou sobre o WebM, vão apenas por enquanto suportar o H264 um formato rival do WebM.

Até há poucos anos atrás era preciso recorrer ao Flash (vp6 comercial ou H263 grátis) para disponibilizar vídeos na internet, os anos passam e estes formatos começaram a mostrar a sua idade e foi então que surgiu o H264 que oferecia melhor qualidade, o H264 começou então a aparecer em todo o lado, na televisão digital, telemóveis, iPods, consolas de jogos, leitores Blu ray etc. Hoje em dia podemos disponibilizar/visualizar um vídeo no formato h264 na internet, fazer o download do mesmo e gravar sem necessidade de conversão num cartão memória, pen usb ou dvd e vê-lo num telemóvel, consola, iPods etc, até aqui o H264 parece ser o formato ideal mas é um formato patenteado e com royalties, se um utilizador normal quiser disponibilizar um vídeo que não infrinja direitos de autor pode usar o H264 sem ter de pagar royalties, se decidir que quer fazer dinheiro com vídeos que não infringem direitos de autor pode fazer até 100000 vídeos com o H264 sem pagar qualquer tipo de royalties, as empresas que disponibilizam vídeos online (clubes de vídeo online por exemplo) pagam uma taxa por cada vídeo convertido no formato h264, se tiverem um lucro de um milhão de euros podem pagar até 2500 euros em royalties e salvo erro se não atingirem um determinado valor (a empresa não teve lucro) não pagam.

Até aqui para mim para ser um formato justo, só quem realmente faz lucro é que paga e a percentagem para quem paga é pequena, este cenário irá manter-se até 2015.

Porque é que a W3C não adoptou este formato? Porque tudo o que faz a internet funcionar desde o HTML, CSS etc é tudo livre de patentes e a W3C quer que isso continue assim, têm surgido vários formatos supostamente livre de patentes como Theora mas a qualidade vídeo do Theora é fraca e não se sabe ainda muito bem se se é livre de patentes ou não.

Foi neste cenário que a Google comprou a On2 que estava a desenvolver o VP8 e no passado dia 19 anunciou que iria disponibilizar o formato sob uma generosa licença BSD, a informação e ferramentas para converter neste formato ainda são poucas e só agora tive oportunidade de testar o formato, para converter para o formato H264 utilizei o x264, para converter para o Webm/Vp8 utilizei as patches disponíveis para o ffmpeg no site do Webm.

Para poderem visualizar os vídeos no formato WebM terão de instalar uma versão do vosso browser que suporte o formato, clique AQUI para ver a lista dos browsers

Comparação com o H264:

Tempo de conversão de um vídeo com duração de 1 minuto, com 2 passes e a utilizar 2 cores:
H264: 30 segundos
WebM: 3 minutos e 15 segundos

Qualidade:
Áudio bitrate: 48k
Áudio sample: 22050
Vídeo bitrate:450k
Resolução: 480×192

Áudio bitrate: 96k
Áudio sample: 44100
Vídeo bitrate:900k
Resolução: 720×304

Optimizei ao máximo os vídeo no formato WebM, no H264 utilizei as definições mais fracas.

Na minha opinião o WebM ainda continua atrás do H264 (não tanto como o theora) em termos de qualidade, demora muitoooooooo mais tempo a converter, não têm um sistema de buffer adequado como o flash ou H264, se tiveres uma ligação de internet lenta vais visualizar o vídeo por breves segundos e depois começam os “black outs”, com o h264 o vídeo pausava e fazia o download de um bocado do vídeo e retomava depois a visualização. isso por enquanto com o WebM não é possível.

No computador visualizar um vídeo em h264 consome 2 vezes mais recursos que o Webm, fiquei surpreendido e tentei com vários leitores para confirmar, em ambos os casos os computadores não necessitam de grandes recursos para visualizar os 2 formatos.

Na minha opinião o formato h264 é o formato que o utilizador normal devia utilizar, livre de royalties para vídeos “livres”, melhor qualidade, mais ferramentas disponíveis, melhor suportado na internet (servidores), praticamente quase todos os dispositivos móveis e fixos lêm o formato, é um formato para os dias de hoje e por muito tempo.

O Webm é um formato novo, demora mais tempo a converter (6 vezes mais que o h264), vai ser necessário a médio prazo fazer ter mais uma cópia de um vídeo no servidor, nem todos vão ter um browser já preparado para ler o formato e enquanto a Microsoft não o suportar…. não existe hardware com excepção do computador que leia o formato e suspeito que pela altura que já exista que já haverá outro formato melhor que o webm ou h264, o consumidor lá vai gastar dinheiro para comprar um dispositivo que lê o formato quando já tem o telemóvel ou a PS3 ou PSP que lê h264, vai ser um filão para muitas empresas…vender hardware para um formato que é inferior ao h264 que já existe há alguns anos, um retrocesso na minha opinião.

Na internet faz sentido um formato padrão e livre mas espero que o WebM não “saia” da net.

5 thoughts on “WebM, a minha opinião sobre o formato…

  1. DeathCrawler

    Duvido que o WebM não “saia” da net, a ARM já está trabalhando na aceleração por Hardware, android terá em pouco tempo suporte total a VP8.

    E eu espero que saia da net, você não considerou o fator “evolução” do codec.

  2. Ricardo Santos Post author

    Olá DeathCrawler, o projecto TheorARM está a optimizar o Theora e não o VP8 e é para dispositivos móveis.

    Acerca da evolução do codec…não sei se estás a par mas o h264 tem melhor qualidade que o VP8, mesmo que consigam optimizar um pouco ….. o h265 (sucessor do h264) está a uns 4 anos de “aparecer” e põe tanto o h264 e Vp8 a um canto pelos testes preliminares.

    Sabes quantos anos levou ao h264 a chegar onde está hoje? Pela altura que o VP8 sair da net para a nossa sala em leitores lá estará o h265 a chegar e a história irá repetir-se, estas cenas de standart/padrão só beneficiam as empresas como Toshiba, samsung, etc que vêm nisto uma maneira de nos “sacar” dinheiro.

    Quem faz dinheiro com vídeos na net acho bem que paguem, para o nós utilizador normais o h264 continua gratuito, muito dificilmente irei comprar um leitor Bluray ou dvd com suport VP8 porque o codec H264 é melhor que o VP8, não faz sentido eu esperar 2 anos por um dispositivo que vai ler um formato inferior ao que já existe… a isso chama-se andar para trás.

    Tendo disto isto… considero o vp8 uma boa aposta para vídeos online, só online.

  3. xucrute

    VP8 é um codec para a Web, pois ela precisa de um codec gratuito e livre de burocracia (imagine se a sintaxe da CSS fosse patenteada). O padrão da industria é e continuara a ser os codecs especificados pela ISO, que serve exatamente para isso criar padrões industriais (Vídeo Profissional).

  4. Alexandre Maltezi

    Ainda não testei o Conversor de WebM para outro formato.
    Quanto a transmissão desse formato (WebM) num Playr, por exemplo o VLC Medi Player, lê praticamentos todos os formatos de vídeos existentes, inclusive o WebM.
    Ao assistir um vídeo nesse formato o achei ótimo; não travou e tinha uma ótima resolução.
    Costumo postar vídeos no You Tube e lá encontra-se muito o formato “.FLV” que é pequeno, porém muito ruim (baixa resolução), os que eu encontrei em WebM, estavam com uma resolução muito boa. Só preciso verificar agora se a taxa de compactação de um vídeo desse formato é boa.

    Brasil-São Paulo

  5. Mauricio

    Como é bom ler artigos precisos e sensatos por quem conhece o assunto.- Parabéns!

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